
Juntas de freguesia de Celorico de Basto, apoiadas pela câmara, exigem a reabertura das extensões de saúde encerradas em março e o “regresso à normalidade” no atendimento no centro de saúde.
José Sousa, presidente da Junta de Ribas, o porta-voz dos autarcas de freguesia, disse hoje à Lusa não se entender a razão pela qual se mantêm encerradas as quatro extensões de saúde (Mota, Rego, Gandarela e Fermil), impedindo o acesso aos atos médicos de milhares de pessoas.
O autarca sublinha que as extensões de saúde encerradas devido à pandemia de covid-19 (prevê-se a reabertura na Mota, na segunda-feira) situam-se em zonas rurais e distantes da sede do concelho, “complicando a vida às pessoas com poucos recursos e sem transportes”.
“Muitas estão há meses sem consultas e exames e isso não é inaceitável”, lamentou.
José Sousa acrescentou que os contactos das freguesias com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Tâmega, no sentido da reabertura das extensões têm esbarrado na justificação de que não haverá pessoal auxiliar disponível para assegurar a reabertura.
FALTA PESSOAL NAS EXTENSÕES DE SAÚDE, MAS CÂMARA QUER AJUDAR
O autarca de Ribas diz haver disponibilidade da câmara para assegurar os recursos humanos necessários, o que foi hoje confirmado à Lusa pelo presidente do município, Joaquim Mota e Silva.
“Se for necessário dar formação às pessoas também garantiremos isso”, acrescentou, enquanto sublinhava o desconforto dos munícipes face à situação atual.
Para o presidente da câmara, já é tempo de os serviços de saúde pública, como está a acontecer noutros setores do Estado, se adaptarem à fase atual de desconfinamento, “regressando progressivamente à normalidade, com os devidos cuidados”.
Joaquim Mota e Silva critica a situação que se vive no centro de saúde, que ainda “continua a trabalhar como há um ou dois meses”, sem se “adaptar à nova realidade”.
“O centro de saúde tem de reabrir, com os devidos cuidados”, reforçou.
A situação no centro de saúde é descrita pelo presidente da Junta de Ribas como “lamentável”, falando de um cenário de filas com “muitas pessoas no exterior à espera para serem atendidas” por alguém à janela, a partir do interior das instalações.
“Onde está a privacidade das pessoas”, questiona, falando da “revolta” que se observa entre a população, nomeadamente a mais idosa, obrigada a recorrer ao centro de saúde naquelas circunstâncias.
A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), questionando o organismo sobre as questões suscitadas pelas autarquias de Celorico de Basto.
Sobre o encerramento das extensões, refere-se que o “o ACES Baixo Tâmega, ao abrigo do plano de contingência do covid-19, teve necessidade de encerrar vários postos de atendimento, não só em Celorico de Basto, mas, também noutros concelhos, dado que não reuniam condições exigíveis para se manterem em funcionamento”.
A ARS-N não respondeu sobre uma possível data de reabertura das extensões, assinalando, porém, que a direção do ACES “está a trabalhar com as equipas de saúde no sentido da retoma da atividade e a progressiva e sustentada reabertura dos polos, mantendo os princípios de segurança para os profissionais e utentes”.
A ARS-N acrescenta que “as sedes de todos os centros de saúde continuaram a funcionar, assegurando os serviços mínimos, consultas de vigilância e consulta aberta com um sistema de triagem à entrada que ainda se mantém”.
“Os utentes são triados e orientados em conformidade”, lê-se no esclarecimento enviado à Lusa, que não responde, todavia, à questão da alegada falta de funcionários, bem como a recetividade da câmara para disponibilizar recursos humanos que permitam a reabertura das extensões de saúde.